Minha opinião sobre a computação em nuvem

No post de hoje (e hoje é aniversário da Sandy), irei falar sobre a computação em nuvem, a chamada Cloud Computing na qual eu citei no post anterior.

Assim como dizem que nós vivemos (ou iremos viver) uma era pós-PC, onde o PC não seria tão importante e futuramente deixaria de existir, sendo substituído pelos dispositivos móveis como tablets e smartphones (e eu falei no post anterior que a tal era pós-PC é uma grande bobagem), muitos da área de informática (e até de fora dela) dizem que o futuro da computação é a Cloud Computing, onde os programas de computador não seriam mais executados no desktop como ocorre hoje, e sim acessados pelo navegador, embutidos em sites, e seriam escritos não mais em C++ ou Delphi, ou outra linguagem de programação para programas de computador tradicionais, e sim em HTML 5 e Javascript, ou em Flash, Adobe Air, Silverlight ou outra plataforma para o desenvolvimento de aplicações de navegador que precisam de plugin para executar a aplicação. Não só isso: os arquivos de computador, que atualmente são salvos no HD, no pendrive ou são gravados em um CD ou DVD, passariam a ser salvos em discos virtuais ou em espaços de armazenagem providos pelos próprios aplicativos da web.

Já existem alguns aplicativos completos que podem ser acessados (gratuitamente ou mediante assinatura do serviço) pelo navegador. Podem ser citados como exemplo o Google Docs, uma suite Office do Google, além do Office 360 da Microsoft, versão para a web da popular suite Office que muita gente usa, seja original ou pirata. Muitos consideram o GMail como um cliente de e-mail completo, uma vez que possui recursos similares a clientes de e-mail como o Outlook ou o Thunderbird, além de permitir que mensagens recebidas em outros serviços de e-mail sejam transferidas para a conta do GMail. Não só existem suites Office e clientes de e-mail, mas também outros tipos de programas, como programas de edição de imagem (há uma versão do Photoshop que pode ser acessada pelo navegador), programas de bate-papo e videoconferência, players de música (alguns permitem ao usuário fazer upload de seus próprios arquivos MP3), jogos (Orkut e Facebook têm um monte) e por aí vai.

O Google chegou a inclusive projetar um sistema operacional próprio para a computação em nuvem, e até pequenos notebooks (chamados de netbooks) com pouco poder de processamento contendo esse sistema operacional (chamado Chrome OS) chegaram a ser produzidos e vendidos. Neste sistema operacional, nenhum programa seria executado localmente, todos os programas seriam acessados pelo navegador, e o espaço em disco local seria bastante limitado, visto que os dados ficariam todos na nuvem. O Chrome OS seria basicamente um sistema operacional usando o kernel Linux com um navegador web embutido e só, com este navegador web integrado ao sistema de modo a facilitar o uso dos aplicativos web.

Dependendo da necessidade, pode até ser que um determinado aplicativo que roda no navegador seja uma opção melhor do que um aplicativo desktop, principalmente quando o usuário precisa abrir arquivos independente de onde esteja. Entretanto, nem sempre os aplicativos na nuvem são a melhor opção. Muitos deles não possuem todos os recursos de aplicações desktop similares, mesmo as gratuitas. Além disso, se a conexão com a Internet zebrar, babau, você fica sem acessar o aplicativo. E se o arquivo no qual estava trabalhando estiver na nuvem, aí é que você se lascou, pois você não poderá editá-lo nem com um aplicativo desktop, a não ser que possua uma cópia offline, que provavelmente estará desatualizada. Sem contar que a performance do aplicativo, independente da velocidade do seu computador ou dispositivo móvel, estará limitada à conexão com a Internet, que no caso dos planos de Internet móvel das operadoras de telefonia celular, é na grande maioria das vezes um horror.

Além de todos esses problemas, existe um outro, que é a questão da privacidade dos dados armazenados na nuvem. Nem sempre é bom confiar em terceiros a armazenagem de dados confidenciais, principalmente considerando que o serviço na nuvem pode ser hackeado e os dados irem parar em mãos erradas.

No conceito de computação em nuvem, não existem apenas “nuvens públicas” (digamos assim), é possível montar uma nuvem particular, onde o usuário ou a empresa ficariam encarregados de montar toda a estrutura de computação em nuvem dependendo da necessidade. Entretanto, o custo de uma nuvem particular geralmente é alto e só no caso de empresas nas quais, após se fazer um estudo de viabilidade, for visto que compensa montar a estrutura e arcar com os custos de manutenção da mesma, é que compensa a criação de uma nuvem privada.

O conceito de computação em nuvem não é tão novo quanto se pensa, ele já existe há décadas, antes mesmo do surgimento da Internet como conhecemos hoje. Antigamente, a computação era baseada em mainframes, grandes computadores que tinham seus programas e arquivos acessados a partir dos chamados terminais burros, que não processavam e nem armazenavam informações, os aplicativos e os dados ficavam todos no mainframe. A computação em nuvem de hoje em dia segue praticamente o mesmo conceito, com os servidores onde as aplicações web são acessadas e onde são salvos os arquivos dos discos virtuais fazendo o papel dos mainframes e os computadores que acessam essas aplicações e discos virtuais fazendo o papel dos terminais burros, e o conceito de terminal burro fica mais evidente quando a aplicação ou o disco virtual é acessado por um netbook, tablet ou smartphone.

Não acho que a computação em nuvem seja uma moda passageira, como foi a moda dos netbooks (nos quais analistas, ou melhor, palpiteiros, já disseram que estes seriam o futuro da computação) e como é atualmente a moda dos tablets, entretanto, como eu já disse, não substituirá a computação desktop tradicional, ambas as computações coexistirão, cada um com seu foco e seu nicho de usuários.

Este post acaba aqui. Até a próximo post, que tem uma grande probabilidade de tratar de algum outro tema polêmico daqueles, assim como este e os dois posts anteriores, já que eu ando bastante polêmico atualmente.

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